domingo, 6 de outubro de 2019

segunda-feira, 8 de abril de 2019

sábado, 29 de dezembro de 2018

12 E 13 DE JANEIRO DE 2019

WORKSHOP DE PODA DE FRUTEIRAS:
MACIEIRAS - PEREIRAS - PESSEGUEIROS - DAMASQUEIROS - AMEIXEIRAS

No fim de semana de 12 e 13 de Janeiro vamos ter, no Pomar Keyline, um workshop com o agrónomo e experiente fruticultor Pedro Jardim. 
O workshop terá a duração de dois dias, pois o objectivo é que os participantes tenham bastantes horas práticas, de tesoura na mão. 
No final da formação, os participantes deverão saber executar as intervenções de poda nas suas próprias árvores. Está previsto bastante tempo para treino e dúvidas. 


quarta-feira, 9 de maio de 2018

12 DE MAIO DE 2018 - DIA ABERTO COM COMPOSTO


No próximo sábado, 12 de Maio 2018, vamos abrir as portas do Projecto Dias nas Árvores para construir uma pilha de composto com materiais diversos.





O humilde composto, a quem são reservados restos e desperdícios pode ser, na realidade, o mais destacado defensor da nossa horta e construtor do nosso solo. 
Um composto bem feito e bem amadurecido é inóculo de microrganismos benéficos, é rico em húmus, incrementa a produção e evita o aparecimento de pragas, doenças e ervas adventícias. Por outro lado, um composto mal feito ou o estrume fresco provocam a destruição do húmus do solo, podem aumentar os problemas de pragas, doenças e ervas, desequilibrar o teor em nutrientes e prejudicar a vida do solo. A compostagem não é a decomposição dos restos orgânicos, mas sim a construção de compostos complexos de húmus (processo chamado humificação), que têm um efeito regenerador do solo. Há vários equívocos a este respeito, sendo o mais comum aquele que se refere ao húmus de minhoca. As minhocas não fazem húmus. A explicação deste facto será compreendida durante a actividade. Fazer composto, sendo em si uma actividade simples, requer o conhecimento necessário para se obter o resultado pretendido. 

Nesta actividade vamos mostrar quais os aspectos principais a tomar em consideração para fazer uma pilha de composto bem feita, produtora de húmus e, como apenas fazendo se pode aprender, vamos construir uma pilha de composto a partir de materiais comuns. 

Encerrada a pilha de composto, teremos um almoço partilhado. Da parte da tarde, faremos uma visita guiada ao pomar onde vamos poder ver damascos, pêssegos, mirtilos, pereiras e ameixas com os frutos já vingados, e amoras, maçãs e citrinos em flor.




Seguiremos algumas linhas de plantação em keyline para que todos possam ver nitidamente desenhado no solo o sistema do australiano P. A. Yeomans. Um sistema que permite uma melhor distribuição da água das chuvas, promovendo a infiltração da água no solo e evitando a sua escorrência e consequente erosão. 

Poderemos observar também a maravilhosa vegetação de leguminosas, que surgiu este ano após a fertilização com pós de rocha e micronutrientes feita no Outono passado. 




Quem quiser permanecer para a festa da Herdade do Freixo do Meio, que terá lugar no dia seguinte, terá à disposição uma zona de acampamento no Ecocamping da Herdade.


PROGRAMA

10h00 Recepção
10h30 – Explicação do processo de compostagem e humificação e discussão sobre os materiais e métodos a utilizar.
11h - Construção de uma pilha de composto, segundo a receita da casa.
13h00 – Almoço partilhado.
14h30 – Visita guiada ao pomar.
18h00 – Chá, café, bolinhos e conversa para a viagem de regresso a casa.


Trazer: Luvas, roupa e calçado adequados ao trabalho (e passeio) no campo e almoço para piquenicar e partilhar. Espera-nos um dia magnífico, com temperaturas a rondar os 20º C.

Contribuição: donativo

Necessária inscrição prévia por email (preferencialmente) ou por telefone.

Número máximo de participantes: 20

INSCRIÇÃO PARA: diasnasarvores@gmail.com; 961285124; 919806434

sexta-feira, 15 de abril de 2016

AGRICULTURA REGENERATIVA VERSUS AGRICULTURA EXTRACTIVA


Agricultura Regenerativa
por Catarina Joaquim e Carlos Simões


A AGRICULTURA REGENERATIVA é um termo que se contrapõe aos sistemas agrícolas convencionais, que se podem designar genericamente por sistemas de Agricultura Extractiva.

A Agricultura Extractiva, pressupõe uma perspectiva simplificada das plantas como mecanismos de extracção de nutrientes do solo. Assim, é fornecida pelo agricultor, através da adição de adubos químicos, a quantidade estimada de nutrientes considerados pela indústria como fundamentais para o desenvolvimento das plantas (macronutrientes e alguns micronutrientes), nas quantidades que se estima serem retiradas pela cultura.
No entanto, são apenas fornecidos os nutrientes consumidos em maior quantidade, enquanto que aqueles que as plantas necessitam em quantidades diminutas (micronutrientes e elementos vestigiais), nunca são repostos, esgotando-se ao fim de algumas décadas de cultivo.
O solo é visto como um mero apoio para suster as raízes das plantas, sem vida própria.

Dessa forma gera-se um desequilíbrio de minerais e outros nutrientes essenciais para a vida dos organismos do solo. Este solo, enfraquecido, desmineralizado e desvitalizado produz plantas doentes por falta de minerais essenciais. Estas plantas, porque estão debilitadas, atraem insectos e fungos que, por sua vez, são combatidos pelo homem pela adição de venenos agrícolas.

Os animais que se alimentam destas plantas desmineralizadas e com resíduos de pesticidas também adoecem com facilidade, precisando de constantes tratamentos. A agricultura extractiva de base tecnológica e química, saída da revolução verde, dá assim origem a alimentos desnutridos, sem os elementos minerais necessários a uma vida saudável, provocando doenças em toda a cadeia alimentar, culminando nos seres humanos.



A AGRICULTURA REGENERATIVA, pelo contrário, entende a agricultura como resultante das sinergias existentes na natureza. Procura trabalhar segundo os processos complexos naturais, de forma a produzir alimentos ou outros produtos vegetais e animais, operando em simultâneo a regeneração dos solos, da água, dos ecossistemas, da atmosfera (fixação de carbono) e do papel na sociedade e rendimento do agricultor. Em Agricultura Regenerativa pensa-se em termos de sistemas globais, os chamados Todos ou Holos, porque nada na natureza acontece isolado, mas tudo funciona por organismos tão íntimos e complexos que se tornam impossíveis de conhecer na totalidade (os Holos ou Todos). Podemos geri-los, mas nunca conhece-los através do estudo das suas partes aparentes. Não há interligações, apenas Todos ou Holos, e padrões. 
 
 


A forma de pensamento em Agricultura Regenerativa baseia-se num método de tomada de decisão denominado Holistic Management, desenvolvido por Allan Savory, para que o ser humano, que tem uma forma de pensamento linear perfeitamente adaptado à tecnologia mas inadaptado ao meio natural (que funciona por Holos) possa tomar as suas decisões de gestão de forma mais holística, ambientalmente, economicamente e socialmente equilibradas. Isto permite, entre outras coisas, a rápida recuperação de solos empobrecidos, ou até reverter desertos.







Há várias técnicas e tecnologias utilizadas nesta forma de agricultura.

O solo e os seus microrganismos são privilegiados, uma vez que são a base de toda a vida e de todo o funcionamento na natureza. Assim, podem ser elaborados e aplicados biofertilizantes, com materiais naturais, facilmente disponíveis ao agricultor. Estes biofertilizantes enriquecem a cultura com microrganismos, e não com nutrientes, porque são estes microrganismos que vão ciclar e disponibilizar os alimentos existentes no solo para as plantas. Os biofertilizantes são produzidos na exploração agrícola, numa perspectiva de auto-sustentabilidade.



A necessidade de mobilização do solo não é desprezada. Os microrganismos do solo necessitam de alimento (energia), água e ar para se desenvolverem. Num solo pobre, gasto e compactado, é essencial incrementar a sua microbiologia (que está quase aniquilada) e, para isso, é necessário disponibilizar à vida microbiana, alimentos, água e ar. Os alimentos podem ser fornecidos pela existência de plantas verdes, que os alimentam através das substâncias libertadas pelas suas raízes. A água e o ar precisam de existir também.



Na Austrália, foi desenvolvido por P.A. Yeomans um método de planeamento da exploração agrícola cujo mote principal é a gestão da água no solo. Este sistema, chamado sistema keyline, utiliza os declives existentes na topografia dos terrenos para definir as linhas de passagem do tractor (mobilização) e os pontos de armazenamento de água adequados (charcas), actuando apenas por gravidade. A sua aplicação traduz-se no aumento da infiltração de água e arejamento do solo, e diminuição da erosão.



A mobilização segundo as linhas definidas no planeamento em keyline, efectuada por um equipamento designado por arado Yeomans (nome do seu inventor), não revira o solo mas actua sub-superficialmente, descompactando-o. Isto permite a entrada de água e de ar em profundidade, em locais anteriormente completamente fechados. As plantas emitem raízes até esses locais, alimentando nova microbiologia em profundidade, e existe ar e água disponíveis, também essenciais. Em cada passagem, o arado passa 5 cm mais profundamente no solo. Isto permite um aprofundamento efectivo do solo em 10 cm por ano. A profundidade das raízes das plantas é fundamental para o seu crescimento e saúde.






Em solos agrícolas esgotados e com erosão, é necessário também repor o seu teor em micronutrientes e em elementos traço (vestigiais), que foram totalmente extraídos pelo método agrícola anterior. Assim, pode aplicar-se pó de rocha, o material original de todos os solos da terra, que continha originalmente todos os nutrientes necessários para sustentar os ecossistemas locais, nutrientes que foram perdidos durante o processo de degradação dos solos e ecossistemas. 



Outra técnica usada para descompactação do solo é a ferramenta chamada Impacto Animal. Através da gestão do comportamento de animais herbívoros de cascos com elevado peso corporal, como as vacas, concentrando-os num determinado ponto e movendo-os rapidamente, consegue-se a quebra da crosta superficial do solo e a cobertura uniforme do terreno com estrume e urina destes animais. Assim, através da recuperação de um comportamento natural dos herbívoros (concentração em manada em constante movimento), nova erva pode crescer e novos pastos/prados se regeneram, recuperando a vida do solo (que se alimenta das plantas), aumentando a infiltração da água das chuvas, fixando carbono que é retirado da atmosfera pelas ervas dos pastos e aumentando o rendimento do agricultor obtido no mesmo local, agora mais produtivo.






Dias Nas Árvores - Projecto em Agricultura Regenerativa: Keyline


O nosso projecto iniciou-se num terreno de 11 ha no Alentejo, resultante da desflorestação realizada na campanha do trigo, nos anos 30 do século XX. Neste terreno, onde existiu em tempos uma floresta mediterrânica, de sobreiros e azinheiras, mas também de medronheiros, pereiras bravas, pilriteiros, etc., após a desflorestação, produziu-se trigo e outros cereais, e depois tomate e milho de forma intensiva. Quando chegámos, em 2011, o solo estava tão debilitado que nem as ervas cresciam. Numa das zonas do terreno tinha sido feita uma mobilização e a erosão era enorme.




Começámos por planear em keyline, e mobilizar uma vez apenas, de acordo com as suas linhas. Os efeitos de melhoria da saúde do solo foram imediatos. Aplicámos rocha moída em todo o solo; em 2014 plantámos as árvores de fruto: citrinos, macieiras, pereiras, ameixeiras amendoeiras, nogueiras, mirtilos, framboesas e amoras. As árvores são regadas com biofertilizantes e pulverizadas com algas. O solo vivo, que quando chegámos tinha menos de 3 cm de profundidade, tem hoje mais de 20 cm. A biodiversidade é imensa.








O solo nunca mais ficou nú. Todos os anos é feita uma mobilização com o arado yeomans, que permite aumentar a profundidade do solo a cada passagem.



Tudo no pomar é pensado de forma holística. Todos os trabalhos realizados são pensados para um benefício global do pomar. São plantadas árvores e arbustos para a fertilidade do solo, o ecossistema, abrigo de aves, insectos e outros animais acima do solo, mas também de fungos bactérias, nemátodos, etc, organismos que, abaixo do solo, precisam de ter fontes de alimento fiáveis, como árvores, arbustos e plantas herbáceas. Os investimentos de tempo e dinheiro são analisados relativamente ao seu custo/benefício.

Na entrelinha, fazemos pastoreio de galinhas poedeiras com galinheiro móvel e, numa bordadura ainda florestada, estão as abelhas de uma pessoa amiga.



Ambas as actividades beneficiam do pomar, e beneficiam o pomar. As galinhas adicionam fertilidade e as abelhas aumentam a produção. Também os animais selvagens são encorajados, existindo bebedouros dispersos durante o verão.

Este é um projecto de produção agrícola de fruta. Simultaneamente produz plantas aromáticas, ovos e mel.

Produz também solo, ecossistema, habitat e um local encantador onde cada dia de trabalho é uma exultação da natureza!


Catarina Joaquim
Carlos Simões

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

CONSUTÓRIO AGRÍCOLA

CONSULTÓRIO AGRÍCOLA



O conhecimento sobre o meio natural e agrícola onde nos movemos e no qual interferimos diariamente evoluiu rapidamente nos últimos anos e, infelizmente, mantém-se fora das universidades portuguesas, não existindo neste momento curso ou mestrado que permita aprender verdadeiramente o que é a agricultura biológica. Também a certificação  apenas assegura a não utilização de produtos não autorizados pelo Regulamento Europeu para a Agricultura Biológica. 

Nenhum destes mecanismos garante que seja feita agricultura biológica em harmonia com a natureza, como seria o seu espírito original. 

Consideramos que este conhecimento novo, esta forma simbiótica de entendimento, é vital para reencontrarmos o equilíbrio neste mundo ao qual pertencemos.

Fizemos um longo caminho, desde que começámos a fazer agricultura biológica, em 2006, e mais ainda desde 2000, ano de conclusão da licenciatura em Engenharia Agronómica. Aprofundámos com seriedade o conhecimento desta agricultura feita em simbiose com a natureza. Aprendermos com alguns dos visionários e divulgadores desta nova agricultura orgânica e regenerativa: Jairo Restrepo, Kirk Gadzia, Darren Doherty, Owen Hablutzel. Comprámos livros recentes (e lemos livros antigos) que revelam outras formas de olhar e actuar. 

Nos últimos anos, muitas foram as pessoas que nos contactaram, pessoalmente, por telefone ou por email, pedindo informações e ajuda para diversas situações.

Porque queremos que a disseminação do conhecimento se faça rapidamente e sem impedimentos, decidimos tornar este espaço público, para esclarecimento de dúvidas e informação. 

Para esclarecimento de questões práticas ligadas à agricultura e gestão dos solos e da água, basta escrever um email para diasnasarvores@gmail.com, descrevendo qual o assunto. A resposta será feita por email e, eventualmente, publicada aqui (sem identificação do autor da questão).